Cento e doze anos de Plínio Salgado
Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]
Gerardo Mello Mourão inicia seu artigo “Quem tem medo de Plínio Salgado?”, publicado na “Folha de S. Paulo” a 03/05/1995 – ano em que era celebrado o centenário de Plínio Salgado -, lembrando as palavras de Hélio Jaguaribe, que dizia, em sua obra “Idéias para a Filosofia no Brasil”, que “depois do Integralismo seguiu-se o silêncio dos que são incapazes de emprestar um sentido geral e historicamente atualizado a suas aspirações de poder”. Esse silêncio, como observa Mourão, “tenta estender sua cortina de chumbo e de cultivada estupidez não só sobre a obra política, mas também sobre a obra literária de Plínio Salgado”.
A 25 de fevereiro do mesmo ano, publicara o Prof. Miguel Reale, no jornal ”O Estado de São Paulo”, o artigo intitulado “Centenário de Plínio Salgado”, que principiava com a observação de que “o silêncio da imprensa e de todos os meios de comunicação a respeito do centenário do nascimento de Plínio Salgado demonstra quanto pode a força do preconceito, e notadamente do preconceito ideológico, capaz de obscurecer o real valor de nossos homens mais representativos. Porque Plínio Salgado, visto geralmente apenas sob o prisma da falsa ‘vulgata integralista’ disseminada por esquerdistas de todos os naipes, reuniu, como bem poucas personalidades, o que há de mais característico, positiva e negativamente, na cultura brasileira”.
Plínio Salgado é, com efeito, uma das mais injustiçadas figuras da História deste País, sendo condenado por pessoas que na maior parte das vezes jamais leram seus livros, preferindo julgá-lo pelas exterioridades do Movimento Integralista por ele criado, confiando nos mentirosos rótulos e não contrastando a mercadoria com o critério vivo de seu bom senso, ao contrário do que pregava Rui Barbosa no “Discurso do Colégio Anchieta”, tão oportunamente citado por Rubem Nogueira em “O homem e o muro”.
Um dos maiores e mais renomados escritores do Modernismo brasileiro – tendo sido seu livro “O estrangeiro”, primeiro e mais importante romance social em prosa modernista de nossa Literatura, recebido entusiasticamente por personalidades como Monteiro Lobato, Jackson de Figueiredo, Tristão de Athayde, Agripino Grieco, Rodrigues de Abreu, Oliveira Vianna, Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e Mário de Andrade -, costuma ser qualificado de “escritor menor” ou “escritor obscuro” por elementos carentes de cultura e pródigos em preconceito ideológico.
Ferrenho adversário do totalitarismo, do racismo, do anti-semitismo e da burguesia – por ele entendida não como uma classe, mas sim como um estado de espírito que vive em todos os estratos de nossa Sociedade -, seus adversários, alguns por má-fé e muitos por simples ignorância, costumam apontá-lo, ao contrário, como sendo uma espécie de “Führer tupiniquim” e de “cão de guarda da ordem burguesa”.
Um dos mais proeminentes pensadores cristãos de nosso País, que brilhantemente representou nas Conversações Católicas Internacionais de San Sebastián, na Espanha, em 1948, não é considerado sequer cristão por indivíduos que fazem questão de ignorar, por exemplo, os bem merecidos elogios tecidos a sua obra-prima, “Vida de Jesus”, por religiosos e pensadores da estirpe de Cardeal Cerejeira, dos padres Leonel Franca, Moreira das Neves e Domenico Mondrone, de Alberto de Monsaraz, João Ameal, João Gaspar Simões, Francisco Elías de Tejada Spínola e tantos outros não menos ilustres.
Não cabe aqui analisar o Integralismo, movimento que atraiu – como nenhum outro na recente História do Brasil – a atenção dos homens de pensamento da Nação, contando com a adesão de expressivo número de intelectuais do mais alto valor e da mais alta projeção e com a admiração de inúmeros outros do mesmo nível. Fizeram parte das fileiras integralistas personagens como Gustavo Barroso, Miguel Reale, Olbiano de Mello, Câmara Cascudo, San Tiago Dantas, Alfredo Buzaid, Adonias Filho, Raymundo Padilha, Tasso da Silveira, Hélder Câmara, Goffredo e Ignacio da Silva Telles, Gerardo Mello Mourão, Augusto Frederico Schmidt, Ribeiro Couto, Herbert Parentes Fortes, José Loureiro Júnior, Hélio Vianna, Américo Jacobina Lacombe, Ernani Silva Bruno, Antônio Gallotti, Jorge Lacerda, Thiers Martins Moreira, Vinícius de Moraes, José Lins do Rego, Roland Corbisier, Álvaro Lins, Seabra Fagundes, Rui de Arruda Camargo, João Carlos Fairbanks, Mário Graciotti, Olympio Mourão Filho, Dídimo Paiva, Genésio Pereira Filho e Gumercindo Rocha Dorea, para citar somente alguns.
Voltemos, porém, a Plínio Salgado. “Fosse este um país sério – observa o Prof. Acácio Vaz de Lima Filho no artigo sobre “O Manifesto Integralista de 1932” publicado na “Gazeta de São João” a 23/11/2004 e reproduzido no n.2 do periódico “Sei que vou por aqui!” -, e os seus livros ‘O estrangeiro’, ‘O esperado’, ‘O cavaleiro de Itararé’ e ‘A voz do Oeste’ seriam de leitura obrigatória na escola média. Cultuasse este país a sua própria História, e os cadetes de todas as Escolas Militares, os alunos das Escolas de Sargentos, e os reservistas em geral, seriam levados a decorar o ‘Poema da Fortaleza de Santa Cruz’, também de Plínio Salgado”.
Fosse este um País como aquele com que Plínio Salgado nos ensinou a sonhar, e nossas crianças leriam todas o “Compêndio de Instrução Moral e Cívica”, o “Nosso Brasil”, a “Geografia sentimental” e o “Código de ética do estudante”, todos escritos pelo autor de “Psicologia da Revolução” e d’“A Aliança do sim e do não” , neles aprendendo a temer a Deus, a amar a Pátria, a respeitar a Família e a defender a Liberdade, a Democracia e as Tradições. Fosse este um País que realmente almejasse solucionar os seus problemas fundiários, e seria aplicado o projeto de Reforma Agrária idealizado por Plínio e por ele apresentado à Mesa da Câmara Federal no ano de 1963...
Foi Plínio Salgado, do mesmo modo que o Tenente Siqueira Campos, um homem que tudo deu à Pátria sem nada esperar em troca, nem mesmo compreensão. Como observou certa vez, um dia a História haveria de julgá-lo. Estava tranqüilo com a sua consciência, pois cumprira o seu dever. Viera ao Mundo para assistir ao triste quadro de nosso País e não ficara indiferente. Tomara o partido de Deus e da Pátria, por Cristo sonhando com um Grande Brasil; por Cristo pregando a doutrina da solidariedade humana e da harmonia social; e por Cristo pregando, conclamando, evangelizando e conduzindo centenas de milhares de brasileiros de todos os credos, etnias e classes sociais no rumo da Democracia Integral e do Estado Ético.
Estamos certos de que a História o absolverá e que, assim que ruir em nosso País o vergonhoso muro da ignorância e do preconceito ideológico, será Plínio Salgado novamente reconhecido como um dos mais notáveis pensadores, romancistas, filósofos, sociológos, jornalistas, ensaístas, poetas, historiadores, oradores e parlamentares de nossa História e, ademais, como uma das maiores expressões da Cristologia com sua já aqui mencionada “Vida de Jesus”, que o Padre Leonel Franca chamou de “jóia de uma Literatura”.
E, assim como Juscelino Kubitschek e sua esposa, D. Sarah, temos a certeza de que o nome de Plínio Salgado perpetuar-se-á “como um símbolo iluminando o futuro”.
Seja esta minha modesta homenagem a Plínio Salgado, este “Mestre de Brasilidade”, no dizer de Ruy Pereira e Alvim, neste dia em que se completam cento e doze anos de seu nascimento na gentil e bucólica cidadezinha serrana de São Bento do Sapucaí, entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais.
São Paulo, 22 de janeiro de 2007
Gerardo Mello Mourão inicia seu artigo “Quem tem medo de Plínio Salgado?”, publicado na “Folha de S. Paulo” a 03/05/1995 – ano em que era celebrado o centenário de Plínio Salgado -, lembrando as palavras de Hélio Jaguaribe, que dizia, em sua obra “Idéias para a Filosofia no Brasil”, que “depois do Integralismo seguiu-se o silêncio dos que são incapazes de emprestar um sentido geral e historicamente atualizado a suas aspirações de poder”. Esse silêncio, como observa Mourão, “tenta estender sua cortina de chumbo e de cultivada estupidez não só sobre a obra política, mas também sobre a obra literária de Plínio Salgado”.
A 25 de fevereiro do mesmo ano, publicara o Prof. Miguel Reale, no jornal ”O Estado de São Paulo”, o artigo intitulado “Centenário de Plínio Salgado”, que principiava com a observação de que “o silêncio da imprensa e de todos os meios de comunicação a respeito do centenário do nascimento de Plínio Salgado demonstra quanto pode a força do preconceito, e notadamente do preconceito ideológico, capaz de obscurecer o real valor de nossos homens mais representativos. Porque Plínio Salgado, visto geralmente apenas sob o prisma da falsa ‘vulgata integralista’ disseminada por esquerdistas de todos os naipes, reuniu, como bem poucas personalidades, o que há de mais característico, positiva e negativamente, na cultura brasileira”.
Plínio Salgado é, com efeito, uma das mais injustiçadas figuras da História deste País, sendo condenado por pessoas que na maior parte das vezes jamais leram seus livros, preferindo julgá-lo pelas exterioridades do Movimento Integralista por ele criado, confiando nos mentirosos rótulos e não contrastando a mercadoria com o critério vivo de seu bom senso, ao contrário do que pregava Rui Barbosa no “Discurso do Colégio Anchieta”, tão oportunamente citado por Rubem Nogueira em “O homem e o muro”.
Um dos maiores e mais renomados escritores do Modernismo brasileiro – tendo sido seu livro “O estrangeiro”, primeiro e mais importante romance social em prosa modernista de nossa Literatura, recebido entusiasticamente por personalidades como Monteiro Lobato, Jackson de Figueiredo, Tristão de Athayde, Agripino Grieco, Rodrigues de Abreu, Oliveira Vianna, Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e Mário de Andrade -, costuma ser qualificado de “escritor menor” ou “escritor obscuro” por elementos carentes de cultura e pródigos em preconceito ideológico.
Ferrenho adversário do totalitarismo, do racismo, do anti-semitismo e da burguesia – por ele entendida não como uma classe, mas sim como um estado de espírito que vive em todos os estratos de nossa Sociedade -, seus adversários, alguns por má-fé e muitos por simples ignorância, costumam apontá-lo, ao contrário, como sendo uma espécie de “Führer tupiniquim” e de “cão de guarda da ordem burguesa”.
Um dos mais proeminentes pensadores cristãos de nosso País, que brilhantemente representou nas Conversações Católicas Internacionais de San Sebastián, na Espanha, em 1948, não é considerado sequer cristão por indivíduos que fazem questão de ignorar, por exemplo, os bem merecidos elogios tecidos a sua obra-prima, “Vida de Jesus”, por religiosos e pensadores da estirpe de Cardeal Cerejeira, dos padres Leonel Franca, Moreira das Neves e Domenico Mondrone, de Alberto de Monsaraz, João Ameal, João Gaspar Simões, Francisco Elías de Tejada Spínola e tantos outros não menos ilustres.
Não cabe aqui analisar o Integralismo, movimento que atraiu – como nenhum outro na recente História do Brasil – a atenção dos homens de pensamento da Nação, contando com a adesão de expressivo número de intelectuais do mais alto valor e da mais alta projeção e com a admiração de inúmeros outros do mesmo nível. Fizeram parte das fileiras integralistas personagens como Gustavo Barroso, Miguel Reale, Olbiano de Mello, Câmara Cascudo, San Tiago Dantas, Alfredo Buzaid, Adonias Filho, Raymundo Padilha, Tasso da Silveira, Hélder Câmara, Goffredo e Ignacio da Silva Telles, Gerardo Mello Mourão, Augusto Frederico Schmidt, Ribeiro Couto, Herbert Parentes Fortes, José Loureiro Júnior, Hélio Vianna, Américo Jacobina Lacombe, Ernani Silva Bruno, Antônio Gallotti, Jorge Lacerda, Thiers Martins Moreira, Vinícius de Moraes, José Lins do Rego, Roland Corbisier, Álvaro Lins, Seabra Fagundes, Rui de Arruda Camargo, João Carlos Fairbanks, Mário Graciotti, Olympio Mourão Filho, Dídimo Paiva, Genésio Pereira Filho e Gumercindo Rocha Dorea, para citar somente alguns.
Voltemos, porém, a Plínio Salgado. “Fosse este um país sério – observa o Prof. Acácio Vaz de Lima Filho no artigo sobre “O Manifesto Integralista de 1932” publicado na “Gazeta de São João” a 23/11/2004 e reproduzido no n.2 do periódico “Sei que vou por aqui!” -, e os seus livros ‘O estrangeiro’, ‘O esperado’, ‘O cavaleiro de Itararé’ e ‘A voz do Oeste’ seriam de leitura obrigatória na escola média. Cultuasse este país a sua própria História, e os cadetes de todas as Escolas Militares, os alunos das Escolas de Sargentos, e os reservistas em geral, seriam levados a decorar o ‘Poema da Fortaleza de Santa Cruz’, também de Plínio Salgado”.
Fosse este um País como aquele com que Plínio Salgado nos ensinou a sonhar, e nossas crianças leriam todas o “Compêndio de Instrução Moral e Cívica”, o “Nosso Brasil”, a “Geografia sentimental” e o “Código de ética do estudante”, todos escritos pelo autor de “Psicologia da Revolução” e d’“A Aliança do sim e do não” , neles aprendendo a temer a Deus, a amar a Pátria, a respeitar a Família e a defender a Liberdade, a Democracia e as Tradições. Fosse este um País que realmente almejasse solucionar os seus problemas fundiários, e seria aplicado o projeto de Reforma Agrária idealizado por Plínio e por ele apresentado à Mesa da Câmara Federal no ano de 1963...
Foi Plínio Salgado, do mesmo modo que o Tenente Siqueira Campos, um homem que tudo deu à Pátria sem nada esperar em troca, nem mesmo compreensão. Como observou certa vez, um dia a História haveria de julgá-lo. Estava tranqüilo com a sua consciência, pois cumprira o seu dever. Viera ao Mundo para assistir ao triste quadro de nosso País e não ficara indiferente. Tomara o partido de Deus e da Pátria, por Cristo sonhando com um Grande Brasil; por Cristo pregando a doutrina da solidariedade humana e da harmonia social; e por Cristo pregando, conclamando, evangelizando e conduzindo centenas de milhares de brasileiros de todos os credos, etnias e classes sociais no rumo da Democracia Integral e do Estado Ético.
Estamos certos de que a História o absolverá e que, assim que ruir em nosso País o vergonhoso muro da ignorância e do preconceito ideológico, será Plínio Salgado novamente reconhecido como um dos mais notáveis pensadores, romancistas, filósofos, sociológos, jornalistas, ensaístas, poetas, historiadores, oradores e parlamentares de nossa História e, ademais, como uma das maiores expressões da Cristologia com sua já aqui mencionada “Vida de Jesus”, que o Padre Leonel Franca chamou de “jóia de uma Literatura”.
E, assim como Juscelino Kubitschek e sua esposa, D. Sarah, temos a certeza de que o nome de Plínio Salgado perpetuar-se-á “como um símbolo iluminando o futuro”.
Seja esta minha modesta homenagem a Plínio Salgado, este “Mestre de Brasilidade”, no dizer de Ruy Pereira e Alvim, neste dia em que se completam cento e doze anos de seu nascimento na gentil e bucólica cidadezinha serrana de São Bento do Sapucaí, entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais.
São Paulo, 22 de janeiro de 2007
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